A Evolução da Higiene das Mãos

A EVOLUÇÃO DA HIGIENE DAS MÃOS

A higiene sempre foi fundamental para a sobrevivência. Desde as civilizações antigas até os dias atuais desempenha um papel vital na prevenção da disseminação de infecções e doenças. No mundo moderno, a higiene ainda é um fator importante de saúde e bem-estar. No entanto, em muitas situações, o maior risco é a complacência.

Um ambiente cada vez mais limpo, longe da natureza, o desenvolvimento de vacinas contra uma ampla gama de agentes patogênicos mais perigosos e uma dependência excessiva dos antibióticos deixou as pessoas em uma zona de conforto quando se trata de lidar com as infecções. Em muitos casos, doenças que poderiam ser fatais foram reduzidas a um leve desconforto. No entanto, menos de 100 anos após a sua introdução, a resistência antimicrobiana (RAM) ameaça cada vez mais tornar a maioria de nossos medicamentos ineficazes no tratamento de doenças infecciosas.

Levamos milhares de anos para desenvolver nossos conhecimentos sobre como prevenir as infecções, e os perigos potenciais da RAM destacam a necessidade de lembrar os períodos ao longo da história, quando a higiene podia fazer a diferença entre a vida e a morte.

 
Como a higiene das mãos moldou a história

Para melhor ilustrar a necessidade da sociedade de manter o foco na higiene das mãos, aqui estão três fases de higiene das mãos que mudaram o mundo e salvaram vidas: 


1. Quando a higiene tornou-se parte da religião 

De acordo com suas escrituras, praticamente todas as religiões do mundo, em algum momento, fizeram uma ligação clara entre limpeza e pureza espiritual.[1]

A ablução em águas limpas antes de prestar homenagem aos deuses ou divindades tornou-se parte do cerimonial de toda religião[2] - e os líderes religiosos incentivando os seguidores a se banharem é o primeiro exemplo de práticas de higiene sistemáticas em ação.

A adesão à prática de higiene religiosa poderia - literalmente - salvar sua vida. 


2. Quando a higiene das mãos tornou-se uma ciência 

Em 1546, o médico Girolamo Fracastoro divulgou a idéia revolucionária de que a infecção poderia ser transmitida não apenas diretamente de pessoa para pessoa, mas também através de mãos e superfícies, como roupas e mãos.[3] Infelizmente, isso seria ignorado por séculos.

Avançando para o século 19, no entanto, os cientistas com base nos trabalhos de Fracastoro desenvolveram a "teoria dos germes"[4] – identificando os microorganismos como sendo a causa de muitas doenças. Isso deu início a uma mudança total no controle das doenças - levando à criação de práticas modernas de higiene para impedir a propagação de bactérias.

A Teoria dos Germes e as práticas de higiene que ela inspirou são elementos fundamentais de higiene na sociedade moderna.


3. Quando a higiene das mãos tornou-se simples

Entender como as doenças funcionam não apenas tornou mais fácil seu tratamento - mas também estimulou o desenvolvimento de formas voltadas/direcionadas para impedir a sua propagação, através do uso da síntese química.

Assim, há mais de 2.000 anos, quando o sabão e a água eram os únicos produtos de higiene, o século XX viu a introdução de produtos de limpeza e desinfetantes elaborados especificamente para reduzir a quantidade de micróbios transportados pela pele - em particular pela pele das mãos.

Embora essas inovações tenham transformado a saúde e o bem-estar ao longo do século XX, não podemos esquecer as lições do passado - a mais importante das quais é que a higiene consiste, antes de mais nada, em comportamentos práticos. Os produtos mais modernos não funcionarão a menos que nos lembremos de usá-los!


Porque a higiene é vital no mundo de hoje (e de amanhã)

A história da higiene tem sido construída por uma constante melhoria e evolução, e uma grande parte disso veio da compreensão de como é vital manter a saúde. No entanto, ainda há grandes desafios que precisam ser superados para evitar futuros surtos de doenças.

Um dos maiores desafios é a pesquisa recente, que mostra cada vez mais que a microbiota que está em nosso corpo é vital para nossa saúde. Isso tem implicações importantes para o desenvolvimento futuro da higiene. Significa que precisamos encontrar maneiras de maximizar a proteção contra a exposição àqueles micróbios que são prejudiciais, mantendo, ao mesmo tempo, a exposição aos micróbios que são úteis. [5]

Se indivíduos e organizações não ajustarem seu comportamento em torno de práticas recomendadas, o número de indivíduos que sofrem com infecções e doenças aumentará rapidamente. Isso é especialmente importante nos ambientes de cuidados da saúde, onde os impactos de infecções associadas a esses cuidados incluem hospitalização prolongada, desfechos fatais, maior número de casos de incapacidade a longo prazo, aumento da resistência dos microorganismos a agentes antimicrobianos e encargos financeiros adicionais para os sistemas de saúde [ 6]

Na Europa, as Infecções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS) são a causa de 16 milhões de dias extras de internação e 110.000 mortes a cada ano.[6] Nos EUA, aproximadamente 75.000 mortes foram atribuídas às IACS em 2011.[7]. Na Inglaterra, 5.000 pacientes por ano contraem uma IACS fatal.[8] No Canadá aproximadamente 8.000 mortes por ano são atribuídas às IACS.[9] O tamanho do ônus econômico global e os índices de fatalidade relacionados com as IACS são desconhecidos, mas, por meio da implementação de estratégias e medidas de prevenção, seu impacto poderia ser reduzido consideravelmente.

Os números podem ser pequenos quando comparados com o histórico, mas mostram que a higiene das mãos ainda é muito importante para uma boa saúde. Empresas de todo o mundo devem adotar procedimentos eficazes para higiene das mãos - fornecendo os produtos certos nos lugares certos, monitorando a conformidade e treinando os indivíduos sobre como podem romper a cadeia de infecção.

[1]   https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2542893/

[2]   https://page-one.live.cf.public.springer.com/pdf/preview/10.1007/978-3-642-39188-0_33

[3]   Fracastoro, Girolamo (1546). On Contagion, Contagious Diseases and Their Cure

[4]   https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2542893/

[5]   Bloomfield SF, Rook GAW, Scott EA, Shanahan F, Stanwell-Smith R, Turner P. Time to abandon the hygiene hypothesis: New perspectives on allergic disease, the human microbiome, infectious disease prevention and the role of targeted hygiene Perspect Public Heal. 2016;136(4):213– 224

[6]   Health at a Glance: Europe 2016 - State of Health in the EU Cycle

[7]   CDC HAI Data and Statistics - https://www.cdc.gov/hai/surveillance/index.html

[8]   House of Commons Committee of Public Accounts – Twenty-fourth Report 2004-05: Improving patient care by reducing the risks of hospital acquired infection: A progress report.

[9] The Chief Public Health Officer's Report on the State of Public Health in Canada 2013 – Healthcare-associated infections – Due diligence



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